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terça-feira, 28 de junho de 2011

A CULTURA DO SLOW DOWN



Olá amigos do Gam, segue um artigo escrito por mim, sentem-se e permitam-se ler, sem fazer MAIS nada, estando presente. ;D

Tempo = dinheiro?

Marx aponta que em diversas formações sociais antes do capitalismo o trabalho necessário correspondia às necessidades pessoais do trabalhador e o trabalho excedente correspondia ao seu patrão: “O trabalho necessário do camponês valáquio para sua própria manutenção está fisicamente separado de seu trabalho excedente. Executa o primeiro em seu próprio terreno e segundo na terra senhorial [...]”.

Na época da revolução industrial o tempo começou a se tornar dinheiro. “As mudanças verificadas nas técnicas de manufaturas demandavam uma maior sincronização do trabalho e maior exatidão na observação das horas. A partir de 1700 se consolidava o capitalismo industrial disciplinado, submetendo o trabalhador à vigilância, por meio da folha de ponto, de informantes e de multas. Tudo para evitar o desperdício de tempo, e assim a perda de lucros [...]. Dentro das indústrias inglesas, alguns patrões se tornaram os ‘senhores do tempo’ no processo produtivo, não permitindo que os operários tivessem conhecimento sobre as horas. Em contraposição Lafargue dizia em 1880: ‘Mas para que tenha consciência de sua força, é preciso que o proletariado pisoteie os preconceitos da moral cristã e econômica; é preciso que volte a seus instintos naturais, que proclame os Direitos a Preguiça [...]’.” - Alice Morais Braga: aluna do mestrado em Serviço Social da Universidade Estadual Paulista (UNESP). Pesquisa financiada pela Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)

Nessa época a igreja e os patrões ditaram uma disciplina em relação ao tempo, que tratava da disposição INCONDICIONAL dos trabalhadores ao trabalho e do DESPREZO AO ÓCIO. 

O Ócio

Para o antigo homem grego, o ócio não significava estar ocioso no sentido de não fazer nada, mas implicava operações de natureza intelectual e espiritual que se traduziam da contemplação da verdade, do bem, e da beleza. Em Roma predominava o conceito de descanso e da diversão, necessários para a preservação das condições de poder trabalhar, ou seja, para descarregar a carga de estresse acumulada, era necessário o ócio, como meio de “esvaziar” o trabalhador, voltando assim em condições de se encher de novo.

Slow Life

Há um grande movimento mundial (bastante europeu) chamado “Slow Food” que preconiza o comer e beber com calma, dando tempo de saborear os alimentos, desfrutar de sua preparação, sem pressa e com qualidade. A ideia acabou gerando um estilo de vida, a “slow life”. Fazer menos coisas com mais qualidade, uma coisa por vez. Difícil né?. Segundo Carl Honoré, jornalista canadense e um dos propulsores da Slow Life: “A ideia não é que as pessoas andem em velocidade de lesma, e sim que parem um pouco com tanta ansiedade e gana de fazer cada vez mais coisas. Refletir sobre o excesso de tarefas auto impostas e de necessidades QUESTIONÁVEIS”.

Os processos globalizados causam-nos uma ansiedade generalizada na busca de resultados imediatos. A empresa Sueca Volvo está atenta a isso e qualquer projeto demora 2 anos para se concretizar, e isso não faz deles uma empresa sem lucros (eles são os produtores de motores de propulsão dos foguetes da NASA).

Há alguns estudos que nos dizem que a quantidade de horas trabalhadas não está relacionada à qualidade do que se produz. Segundo a revista Business Week os trabalhadores alemães reduziram para 28,8 horas semanais trabalhadas e viram sua produtividade aumentar 20%.

Breve conclusão

Fica claro a necessidade de reavaliarmos o nosso ritmo. Começando a nos questionar a pressa e a loucura geradas pela globalização, pelo desejo de “ter em quantidade” ao contrário de “ter em qualidade”. E para se ter uma slow life, sim, necessitamos de mais tempo “livre”. E para termos mais tempo livre, necessitamos de uma carga horária de trabalho menor, e pode ter certeza, isso apenas vai qualificar a nossa vida, saúde e bem-estar.
Bruno Tonelli



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